sábado, 28 de fevereiro de 2009

Estudando o TP 3

Estudando o caderno de teoria e prática número 3

Gêneros e tipos textuais

Quando a formadora distribuiu envelopes com dezenas de textos e pediu que cada equipe os agrupasse conforme o critério que quisesse, não vimos nenhuma dificuldade em executar a tarefa e acreditamos que conseguiríamos realizá-la em menos tempo do que o proposto para a atividade. Resolvemos agrupá-los por tipos ou seqüências discursivas (narrativo, argumentativo, injuntivo, descritivo, expositivo e dialogal). Qual não foi a nossa surpresa ao percebermos que algo considerado tão simples e fácil estava tomando muito do nosso tempo e empenho. A questão é que alguns textos, como o convite e o cartão postal, por exemplo, não se enquadravam em nenhuma seqüência e isso nos deixou bastante confusas, pois estávamos muito seguras das características de cada tipo, bem como dos elementos que deve ter um texto para ser identificado como pertencente a tal tipo. Após muita discussão e reflexão, a dificuldade para realizar a tarefa continuava. Pensamos, então, em outras possibilidades de agrupamento como: por gêneros ou por intencionalidade do produtor, mas continuamos com a mesma dificuldade. Durante a socialização da tarefa, constatamos que todas as equipes tiveram a mesma dificuldade.

Tal atividade nos levou a rever alguns conceitos e a repensar nossa prática de sala de aula.

A partir dos estudos Kock, Marcuschi, Bakhtin, Val, entre outros, compreendemos que:

  • Toda e qualquer comunicação se dá por um texto, que por sua vez, se materializa através de algum gênero, escolhido de acordo com a competência metagenérica de cada indivíduo, o que possibilita interagir de forma conveniente na medida em que este se envolve nas diversas práticas sociais;
  • É a competência metagenérica que habilita cada pessoa a escolher qual gênero é mais adequado a cada situação comunicativa o leva à compreensão dos textos produzidos;
  • Gêneros textuais não são instrumentos “engessados” e limitadores das ações criativas do homem, pelo contrário, são moldados, mesclados, transmutados e alguns até se tornam obsoletos, de acordo com as necessidades e atividades socioculturais, bem como conforme as inovações tecnológicas exigem;
  • Os gêneros não se caracterizam, a princípio, por aspectos estruturais ou lingüísticos, mas por aspectos sociocomunicativos e funcionais, embora seja de fundamental relevância considerar a forma, o suporte e até o ambiente em que os textos circulam para a construção do sentido;
  • A noção de gênero não se confunde com a noção de tipo textual. Os tipos textuais constituem sequências lingüísticas, o que equivale a dizer que a forma como as informações são organizadas em um texto, a predominância de uma ou de outra categoria gramatical e outros aspectos lingüísticos é que levam a classificação de um determinado tipo;
  • Enquanto os gêneros são inúmeros e, praticamente incontáveis, os tipos são cerca de meia dúzia que se mesclam nos diversos enunciados para a construção dos gêneros;

Essa compreensão nos leva a algumas reflexões:

  • Os gêneros textuais “Não são formas prevendo esquemas a serem preenchidos com conteúdos, mas é o reconhecimento de que as práticas sociais históricas acabam por articular um conjunto diversificado de parâmetros interacionais (o lugar, os interlocutores, a temática, o modo de circulação) e lingüísticos ( estrutura, recursos expressivos).”
  • Devemos sempre nos questionar sobre o que é válido e o que não é no ensino de gêneros textuais, pois, considerando que o aluno entra em contato com diferentes gêneros desde as séries iniciais e a cada série ou período, os gêneros vão sendo retomados, e que, além disso, os gêneros textuais existem independentemente da escola, o mais importante seria não ensinar nomenclaturas, mas habilitar o aluno para produzir, compreender e atribuir sentido a todo e qualquer texto com o qual se depare.
  • Conhecer e saber manusear tipos e gêneros textuais nas mais diversas situações de produção é importante e necessário, entretanto, isso não equivale a dizer que analisar e conceituar se sobreponham a produzir e atribuir sentido.
  • No plano da linguagem, conhecendo os gêneros textuais, o aluno conhece também as diferentes situações sociais em que esses gêneros são necessários e, ainda, diferentes formas de atuação social. Como conseqüência, amplia a sua visão de mundo e sobre si mesmo, passando a se ver como sujeito na interação com a realidade.

Portanto, refletir e rever constantemente a prática devem ser exercícios constantes e recorrentes da vida do professor, pois só a partir daí ele estará desenvolvendo as suas e as competências dos alunos e, ao tempo em que se reelabora, aumenta as possibilidades de contribuir efetivamente para a formação do produtor/leitor competente e proficiente.

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