sexta-feira, 22 de maio de 2009

Por que meus alunos nao leem? Nao é elementar, meu caro professor

“Analfabeta não é a pessoa que não sabe ler.
É a pessoa que, sabendo ler, não gosta de ler.“
(Mário Quintana).

Risalva Nascimento. Sempre me reporto a ela quando penso e falo sobre o prazer de ler. Você deve estar se perguntando: “Mas, quem é ela? Deve ser alguma nova teórica da qual ainda não ouvi falar.” Eu respondo: não é nenhuma nova estudiosa sobre o assunto. É minha mãe. Minha referência quando o assunto é o prazer de ler porque foi com ela que senti os primeiros desejos e delícias da leitura. Ela, apesar de seus seis filhos e de todos os afazeres domésticos demandados especialmente por eles, lia sempre e muito. A maioria das minhas recordações de infância em que ela está, vejo-a com uma revista de fotonovelas, um romance Sabrina ou um de José de Alencar. Detalhe: ela só freqüentou a escola durante dois ou três anos, mas o prazer com que lia e se envolvia nas histórias era visível, quase palpável para mim. Especialmente contagiante, envolvente. Impossível ficar indiferente. Nem tentei.
Comecei assim a minha história de leitora. Durante a minha infância e adolescência, li praticamente de tudo, de Sabrina a Sidnei Sheldon, de Jorge Amado a Tex. (vai fingir que não conhece para não denunciar sua idade ?!! rs).
Quando iniciei meu trabalho como professora e as primeiras indagações sobre o fato de muitos dos meus alunos não gostarem de ler surgiram, pensei que partindo desse ponto, conseguiria, facilmente, encontrar as respostas (que todo professor de Português procura tão avidamente). Enganei-me, percebo agora. As coisas não são assim tão simples. As leituras que tenho feito e as situações pelas quais tenho passado (em uma conversa com alunos sobre o prazer de ler, um deles declarou: depois que eu passar em um concurso e estiver trabalhando em um órgão federal, a gente conversa sobre isso) me mostram que a questão é muito mais complexa e carece de muito mais reflexão e estudo.
Rubem Alves relaciona leitura e música e afirma que quando a mãe pega o nenezinho e o embala, cantando uma canção de ninar, este se tranquiliza e dorme mesmo nada sabendo sobre notas. Sendo assim, aprender a gostar de ler é possível e não passa, necessariamente, por dominar determinadas teorias. Segundo ele, tudo começa quando a criança fica fascinada com as coisas maravilhosas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a estória. A aprendizagem da leitura começa antes da aprendizagem das letras: quando alguém lê e a criança escuta com prazer. “Erotizada“ pelas delícias da leitura ouvida, a criança se volta para aqueles sinais misteriosos chamados letras. Deseja decifrá-los, compreendê-los – porque eles são a chave que abre o mundo das delícias que moram no livro! Deseja autonomia: ser capaz de chegar ao prazer do texto sem precisar da mediação da pessoa que o está lendo.Conforme Rubem, já na escola, as delícias do texto se encontram na fala do professor, que passa a ser o mediador que liga o aluno ao prazer do texto. Existe uma incompatibilidade total entre a experiência prazerosa de leitura e a experiência de ler a fim de responder questionários de interpretação e compreensão.
Por sua vez, Alberto Manguel, em Uma história da leitura, faz um relato sobre sua experiência como leitor e cita a possibilidade de libertação que a leitura individual faculta ao leitor, que através dela pode encontrar os seus caminhos sem a necessidade de nenhum cicerone.
Agora, estudando o TP4 encontro Ângela Kleiman falando sobre o assunto e acendendo mais uma luz. Ela cita a falta de acesso, a formação precária dos professores, a falta de ambientes propícios à formação de leitores e os equívocos cometidos por estudantes e escolas ao confundirem a leitura com a decifração e cópia de letras a partir de regras memorizáveis.
De fato, os caminhos para despertar o prazer pela leitura em um mundo tão capitalista são muitos e o Gestar está contribuindo na minha busca por respostas. Continuarei lendo, refletindo, buscando, tentando contagiar meus alunos com o meu prazer de ler. Por enquanto, uma certeza: não é elementar. Não é simples encontrar respostas para a pergunta inicial. Enquanto isso, vou me deliciando ao observar, ao meu lado, um pai lendo “O Pequeno Príncipe” para seu filho que, quase cochilando, pergunta “pai, o que quer dizer `tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas´?” Vejo a mágica acontecendo novamente? É mais uma criança sendo cativada pelas delícias da leitura ?

sábado, 16 de maio de 2009

Vem coisa boa por aí !!!


Olha a gente em Gaibu para vivenciar mais 40 horas do Gestar. A surpresa ruim foi nao reencontrar Isabel. (Sentimos muuuuuuuuuuuuuuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiito a sua falta, viu menina?) Depois vou dar todos -se é que é possível- os detalhes dessa semana.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Mais frutos do Gestar


A cada dia me encanto mais pelo Gestar. Além de aprender muita coisa, de poder dividir o que aprendo com tantos professores, de ter a oportunidade de compartilhar e refletir sobre meus anseios quanto ao ensino da língua com teóricos e pessoas que gostam de estudar como eu, ainda tenho a oportunidade de conviver com pessoas tao especiais. Certamente, este está entre os pontos mais importantes do programa. Planejar, discutir, refletir, socializar, aprender, crescer, brincar, sorrir ao lado dessas meninas tem sido uma graça divina. Só Deus poderia me conceder a benção de estar ao lado delas e por isso agradeço sempre a Ele e a elas, por permitirem que eu faça parte da sua vida e me proporcionarem momentos pessoais e profissionais tão ricos. Obrigada, meninas. Eu amo vocês.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

4ª oficina: TESÃO PURO!!!

Isso é o que eu chamo de momento perfeito!!! Foi o encontro da fome com a vontade de comer e com o objeto "comível". O tesão despertado encontrou sua razão de ser.


(Nossa turma. Nao deu para sair todo mundo, mas acho que está bem representada. Adoro esse povo e sua disposição para aprender e crescer)

Foi tao bom refletir sobre leitura!! tao bom dividir, compartilhar nossa principal angústia (POR QUE MEU ALUNO NAO LÊ?). Começamos assim nossa quarta oficina e as leituras, debates, conversas, intervenções foram tao importantes e empolgantes que o relógio trabalhou sem que a gente se desse conta. Sem dúvida, estamos aprendendo, reaprendendo, dividindo, somando experiências e saberes a partir de e com o Gestar e com nossas colegas. As fotos não conseguem transmitir todo o clima desse nosso encontro, mas servem como registro.
(Rita, mostrando seu registro das oficinas vivenciadas em uma de suas turmas. A empolgação, a descontração e a simplicidade dela contagiaram a todos. Ela também falou sobre crescimento e auto estima seus e dos alunos. Tudo isso é tao bom!! A gente sente o estado de encantamento -que sempre deveria nos seguir - mais próximo e palpável)